segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O ESTRAGO DA VACA LOUCA

O estrago que faz a proteína de vaca louca solitária
O Ministério da Agricultura foi notificado nesta segunda-feira da decisão da Arábia Saudita de proibir a importação de carne bovina de todo o Brasil devido ao caso de “vaca louca” detectada no Estado no Paraná em 2010. Trata-se de um revés para o setor pois o país árabe é um dos dez maiores importadores de carne bovina brasileira, respondendo por cerca de 3% das exportações brasileiras. O Egito, outro grande importador, também anunciou embargo às importações, mas apenas oriundas do Paraná. Este efeito cascata é o que temíamos quando publicamos o artigo abaixo. (PC)
Um exame laboratorial conduzido pela OIE (Office International des Epizooties ou Organização Mundial da Saúde Animal) confirmou a proteína causadora da vaca louca em uma vaca morta em dezembro de 2010 em uma fazenda de Sertanópolis, no Paraná. Em uma decisão considerada alarmista, a China e a África do Sul anunciaram na quinta-feira (13dez2012) o embargo de importações de carne bovina brasileira. Poucos dias antes o Japão já havia anunciado um embargo pelo mesmo motivo. Na verdade os japoneses são bastante traumatizados com este assunto e apesar de importarem pequenos volumes do Brasil fazem um grande barulho – outros seguem e até a Venezuela já está se manifestando!
E como diz o ditado que “um azar não vem sozinho”, a notícia apanhou nossa Presidenta Dilma Rousseff em viagem oficial à Rússia, com uma missão empresarial brasileira, tratando entre outros assuntos mas prioritariamente de embargos russos a importações brasileiras. No caso da carne, o embargo da Rússia vigora desde junho do ano passado e não tem relação com este recente veto à carne brasileira em decorrência do mal da vaca louca, mas sim com medidas sanitárias que as autoridades russas entendem que três Estados (PR, MT e RS) não vem atendendo. Com isto, a esperança dos produtores e exportadores brasileiros de que a Rússia poria fim ao embargo durante a visita oficial da Presidenta Dilma acabou não se realizando.
Claro que nossa Presidenta, que por vezes não revela muito bom humor, ficou bem “chateada” pela demora inaceitável deste caso vir à tona. Os primeiros exames, feitos no Brasil, não identificaram a proteína que causa o mal da vaca louca, mas uma contraprova feita em junho teve resultado positivo. Uma terceira análise feita em um laboratório britânico no início de dezembro confirmou a doença e despertou toda esta celeuma, que pode ter desdobramentos imprevisíveis e incoerentes com o tamanho da questão inicial.
Realmente é um absurdo tanta demora. Um importante representante da indústria pecuária*, que está com a delegação na Rússia, disparou: “Está claro que está faltando uma retaguarda para o segmento, que é ter vigilância sanitária, laboratórios, inspeção rigorosa e emergência sanitária. Um exame não pode demorar um ano e meio. Sempre há desculpas, mas elas não estão sendo mais aceitas pelos compradores”.
Por ora o dano não é grande. Dos três países citados, a China é o mais relevante. Nos primeiros nove meses deste ano, o país asiático importou 5,1 mil toneladas de carne bovina brasileira, colocando os chineses no ranking dos 20 maiores importadores do Brasil. Já se fala que Irã e Egito também vão entrar no embargo. Aí reside o perigo: como quem “conta um conto aumenta um ponto”, isto pode ganhar uma proporção problemática para tão importante setor de nossa agropecuária. A pobre, solitária e falecida portadora da proteína da vaca louca pode gerar um problema do tamanho de um rebanho todo.
* Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipes).
Extraído: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/bioagroenergia/2012/12/15/pecuaria-o-estrago-que-faz-a-proteina-de-vaca-louca-solitaria/
Imagem: http://www.businessreviewbrasil.com.br/money_matters/embargo-a-carne-brasileira-cresce
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sábado, 10 de novembro de 2012

LUTA CONTRA DIARREIA

Diarreia: por que perdemos esta luta?
Diarreia! Um grande problema encontrado na maioria das propriedades nacionais e hoje perdemos esta luta pelo fato de não seguirmos corretamente um programa de manejo. Esta falta de planejamento e de estratégia quanto a prevenção e tratamento faz com que as diarreias continuam sendo o problema mais comum a afetar os bezerros nas fases iniciais da vida.
Esta doença impacta diretamente nos índices zootécnicos, onde deixa sua marca nos índices de mortalidade em até 5%, com destaque entre o nascimento e os três primeiros meses de idade no corte. No entanto, as taxas de mortalidade de bezerros em rebanhos leiteiros ainda são desconhecidas no território nacional, mas acredita-se que os dados sejam elevados.
A título de curiosidade, nas criações americanas estima-se que entre as causas de mortalidade na fase de aleitamento a diarreia seja a principal, respondendo por cerca de 60% das causas de mortes, seguida por doenças respiratórias.
O que chama a atenção para esta enfermidade entérica, não são apenas os dados de mortalidade, mas o grande impacto que possui ao diminuir a taxa de crescimento, reduzir a eficiência de utilização dos alimentos e, consequentemente, resultar em um bezerro fraco e desnutrido, que fica exposto a demais doenças.
Em busca de alto desempenho de sua propriedade, pecuaristas tendem a intensificar seus sistemas de produção, para obtenção da maior lucratividade, porém isto tem causado aumentos significativos na incidência desta doença.
As diarreias são doenças complexas e multifatoriais, que envolvem o animal, o ambiente, a nutrição e os agentes infecciosos. A ocorrência da enfermidade depende da relação entre a condição imunológica dos bezerros e a carga infectante ambiental a qual eles estão submetidos.
Vale lembrar que os bezerros com menos de 30 dias de vida ainda são altamente dependentes da imunidade passiva, recebida através da colostragem, e que uma alta porcentagem dos bezerros (aproximadamente 40%) apresenta falhas na transmissão desta.
Diarreia é um sinal clínico de diversas doenças. Na prática, não é fácil determinar com exatidão qual agente/causa principal que desencadeou o quadro entérico pois, na maioria das vezes, mais de um agente está envolvido no processo. Dentre os agentes infecciosos estão envolvidos estão as bactérias (Escherichia coli, Salmonella spp.), vírus (Rotavirus, Coronavirus), protozoários (Eimeria spp.), (Cryptosporidium spp.) e verminose. Porém, na maioria, há presença de dois ou mais patógenos.
Não podemos pensar apenas nos agentes infecciosos e esquecer os demais fatores envolvidos. Além da falha no recebimento da imunidade no momento da colostragem, as interrelações animal-ambiente assumem uma importância fundamental, sendo as seguintes condições como predisponentes:
Ambiente: instalações e utensílios em condições sanitárias precárias, alta densidade e falta de agrupamento de animais por faixas etárias, baixa qualidade da água, etc.
Nutrição: dietas que não atendem aos requisitos nutricionais, fornecimento de leite em quantidade e intervalo de tempo incorretos, sucedâneos do leite de baixa qualidade nutricional, alimentos mofados ou deteriorados.
Outras doenças: principalmente infecções respiratórias e umbilicais.
Quando se fala em agentes infecciosos, existe relação do tipo e período pós-nascimento, conforme tabela publicada na galeria de fotos (tabela 1).
Rotavírus é a causa mais comum de diarreia em bezerros recém-nascidos, entretanto, infecções por Coronavírus e por E. coli enterotoxigênica apresentam maiores taxas de mortalidade, tornando maior o seu impacto econômico.
Diarreia de origem nutricional também pode ocorrer. O bezerro jovem é extremamente limitado em termos de digestão de nutrientes durante as três primeiras semanas de vida e este fato está diretamente relacionado à ausência e inatividade de algumas enzimas digestivas.
A atividade da maior parte destas enzimas aumenta a partir da terceira semana de vida, permitindo a utilização de maior diversidade de ingredientes na formulação das dietas. Sucedâneos do leite contendo alta inclusão de proteínas de origem láctea asseguram os melhores desempenhos das bezerras até 30 dias de vida devido, principalmente, à maior digestibilidade, excelente perfil de aminoácidos e inexistência de fatores antinutricionais.
A ocorrência de diarreias em bezerros jovens é frequentemente súbita e aguda. Os animais tornam-se rapidamente desidratados, embora os sinais clínicos possam ser pouco perceptíveis. A avaliação da quantidade de água perdida é importante para determinação da estratégia de reidratação. Os animais com diarreia tornam-se rapidamente desidratados, com perdas potenciais de 6% a 12% do volume de seus fluidos corporais em apenas um dia.
Juntamente com a idade dos bezerros afetados, a observação dos efeitos sistêmicos e sua severidade pode ajudar no diagnóstico. Por exemplo, uma febre com temperatura superior a 40,5º-41ºC e alta taxa de mortalidade pode levar a suspeita de colibacilose, salmonelose ou coronavírus.
Em contrapartida, uma baixa mortalidade é bastante sugestiva para rotavírus. Nós podemos também notar que a ausência ou a presença de hipertermia nos animais afetados determina a escolha do tratamento que será feito, levando em conta a responsabilidade e prudência na utilização dos antibióticos.
A gravidade clínica da diarreia varia de acordo com o tipo de microrganismo envolvido, quantidade deste microrganismo e a capacidade de defesa do bezerro. A diarreia pode manifestar como quadro superagudo, na qual ocorre depressão, fraqueza grave, febre em alguns casos, choque hipovolêmico, com evolução em 24 horas para coma e morte.
Contudo, na maioria dos casos, há intensa diarreia fétida, de fezes com consistência aquosa ou pastosa, de coloração amarelada ou esbranquiçada, presença de muco e/ou estrias de sangue e os animais apresentam cauda e períneo sujo, com placas de fezes aderidas ao pelame, deprimidos, magros e apáticos.
Estes quadros intestinais ocasionam forte perda hídrica, ou seja, juntamente com as fezes há uma intensa perda de fluidos, eletrólitos e nutrientes e isto faz com que o bezerro desenvolva sintomas de emagrecimento progressivo, desidratação, podendo evoluir para coma e morte do animal se o mesmo não for tratado a tempo.
Segundo a Embrapa, a diarreia pode se apresentar de três formas: septicêmica, onde os animais aparecem mortos sem quadros clínicos prévios; enterotoxêmica, com intensa depressão e rápida evolução do quadro clínico, e na forma entérica, conhecida popularmente por “curso branco”, com presença de diarreia aquosa e fétida, com leite coagulado (indícios de deficiência na sua digestão e absorção), desidratação e quando não morre, o animal permanece por alguns dias ainda doente.
A chave para o sucesso no tratamento das diarreias é a rápida detecção do problema e intervenção imediata, com administração de uma solução bem balanceada para reidratação oral contendo eletrólitos e nutrientes. Se a reidratação for feita logo no início a, a taxa de sucesso do tratamento pode chegar a 95% ou mais.
Por muitos anos, recomendou-se a suspensão do fornecimento de leite ou sucedâneo aos primeiros sinais de diarreia. Felizmente, esta prática está sendo abolida, pois priva os animais de sua principal fonte de nutrientes e água.
A recuperação dos bezerros é acelerada quando a dieta líquida está associada à hidratação oral, pois ocorre uma diminuição na perda de peso dos animais. A tabela (na galeria de fotos) mostra um exemplo de solução para hidratação oral que tem apresentado excelentes resultados a campo.
Esta fórmula pode ser utilizada em todos os tipos de diarreia. A hidratação oral pode ser feita com sucesso em animais que apresentem até 8% de desidratação. Acima disso, deve-se avaliar o potencial de retorno econômico do animal antes de instituir tratamentos onerosos. Nestes casos, o déficit deve ser corrigido por via intravenosa, continuando posteriormente com a hidratação oral.
O uso de soluções fortificantes, constituídas por vitaminas, nutrientes e minerais (Fortemil®), além de restabelecer a hidratação, nutre o animal. A quantidade total deverá ser fornecida aos bezerros num período de 24h. A solução não deve ser administrada junto com a dieta líquida, respeitando-se um intervalo de 2h, para não haver interferências na digestão. Bezerros com menos de 30 dias de vida não digerem sacarose (açúcar comum), portanto, não se deve utilizá-la em substituição à glicose.
No entanto, como existem diversos fatores que ocasionam a doença, o uso de antibióticos é indispensável no protocolo de tratamento. Quando a diarreia é branca ou amarela, indicam-se uso de produtos que além de “trancar” o intestino, trazem em sua associação antibiótico bacteriostático, ou seja, aqueles que controlam a população bacteriana (Cortacurso®).
Porém, nos casos mais graves, onde há presença de sangue visto em diarreias pretas, o produto deverá ser bactericida, os que matam todos os tipos de bactérias, garantindo maior resolução do quadro entérico (Trissulfin®).
Prevenção é a palavra certa para não se perder lucratividade na sua propriedade. Fornecer colostro de alta qualidade e em quantidades adequadas o mais rápido possível após o nascimento dos bezerros; reduzir o estresse dos animais; proporcionar instalações limpas, secas, bem dimensionadas e higienizadas com acesso fácil à água de boa qualidade física e microbiológica; fornecer dietas balanceadas para suprir os requisitos nutricionais, assegurando que os bezerros estejam saudáveis e mais resistentes às doenças.
Embora a diarreia neonatal em bezerros seja bastante fácil de identificar, um diagnóstico etiológico preciso é de difícil realização, por isso consulte sempre um médico veterinário.
Fonte: Thales Vechiato e Luiz Gustavo Paranhos são supervisores técnicos na Ourofino - Site: http://www.portaldbo.com.br/Portal/Conteudo/Artigos+Tecnicos/5526,,Diarreia+por+que+perdemos+esta+luta.aspx
Foto: http://boiapasto.com.br/2012/05/msd-saude-animal-apresenta-nova-tecnologia-contra-diarreia-em-bezerros/
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sábado, 25 de agosto de 2012

OS GASES DO BOI

Os gases do boi: quanta bobagem!
Nossos pastos podem sim produzir proteína de boa qualidade, empregos e renda, ao mesmo tempo que mitigam a emissão de gases de efeito estufa
É uma conta relativamente simples: cada boi (que as vacas me perdoem o machismo, mas vou chamar todo mundo de boi mesmo) emite aproximadamente 57 kg de metano (CH4) por ano, em média. Esse valor vezes 200 milhões de cabeças, se chega a um número enorme, equivalente a 63% do metano emitido no Brasil, ou 48% dos gases de efeito estufa. Por essas contas, cada kilo de carne consumida equivaleria 300 kg de gás de efeito estufa emitidos. Assustador, não? Verdade? Não.
Dizem que para todo problema existe uma solução simples, rápida e errada. Esse é bem o caso. Em primeiro lugar se considera, nessa conta, que todos os 200 milhões de bois, vacas, bezerros, novilhas emitem a mesma quantidade de gás – primeira mentira – a emissão de gases depende da quantidade de alimento ingerida. Assim, se contarmos o rebanho de mamando a caducando, a conta fica já bem menor. Depois, de onde vem o carbono que o boi emite por flatulência e eructação (arroto, para os íntimos)? Vem do alimento consumido, normalmente do pasto, no Brasil.
O carbono consumido como alimento é transformado principalmente em carne, leite e dejetos, que retornam ao chão, mais aquela parte que vai para a atmosfera. Então, para o boi crescer, para a vaca produzir leite, e também para emitir metano, é necessário que se alimente de carbono, ou seja, de capim.
De onde vem o carbono do capim? Da atmosfera. Ou seja, o carbono ou metano, emitido pelo boi, é apenas uma devolução do que já estava na atmosfera. Mais simplesmente: o boi não fabrica carbono. Muda sua forma, o que muda um pouco o potencial de aquecimento global, mas não “aparece” carbono no sistema. E se o boi for confinado? Se for confinado, come o carbono do milho, da soja, etc., que também pegaram o carbono da atmosfera.
Bom, se o carbono vem do capim, como será que essa coisa funciona? Como será o balanço de carbono do pasto? Na região dos cerrados, em diferentes sistemas de uso e manejo da terra, os maiores estoques de C estão relacionados com a presença de forrageiras, resultando na seguinte ordem decrescente de estoques de C no solo: pastagem permanente - integração lavoura-pecuária sob plantio direto - lavoura em semeadura direta - lavoura em cultivo convencional.
As taxas de acúmulo de C nos solos do cerrado variam de 0,8 a 2,8 t ha/ano, dependendo do manejo. Em regiões originalmente sob Mata Atlântica, pastagem bem manejada fixa 2,7 t ha ano de carbono, em média, enquanto que na região Amazônica a média é de 300 kg ha/ano.
Note-se que são pastagens sob pastejo, ou seja, com boi comendo. É bom lembrar que a pastagem degradada não faz nada disso, porque o capim cresce pouco e, portanto, fixa pouco carbono da atmosfera. Mas, mesmo assim, o boi comendo em pasto ruim só pode emitir o que comeu, ou seja, pode não haver ganho de carbono no solo, mas não pode haver emissão líquida, porque mágica não existe.Agora, vamos retomar aquela conta do início, mas levando em conta que não existe boi sem comida, sem pasto. Contando as estimadas 200 milhões de cabeças de bovinos no Brasil - que ocupariam talvez 70 milhões de hectares de pastos bem manejados. Se considerarmos o sequestro de apenas 1 t ha ano de carbono, a pecuária estaria fixando no solo algo em torno de 70 milhões de toneladas de carbono, ou cerca de 90 milhões de toneladas de metano, equivalentes a aproximadamente 2,0 bilhões de toneladas de CO2, já descontados os gases emitidos.
O bandido virou mocinho? Ou será que existem interesses não confessados em prejudicar o desenvolvimento de nossa pecuária? Como já se disse, uma estatística bem torturada revela qualquer coisa.
Resumindo, nossos pastos podem sim produzir proteína de boa qualidade, empregos e renda, ao mesmo tempo que mitigam a emissão de gases de efeito estufa. Basta, para isso, empregarmos o conhecimento que já temos.
Fonte: Ciro Rosolem é membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável
DBO: http://www.portaldbo.com.br/novoportal/Site/Opinioes/FORUM/4701,,Os+gases+do+boi+quanta+bobagem.aspx
Imagem: http://www.ecodebate.com.br/2009/11/26/documento-elaborado-por-pesquisadores-da-usp-em-piracicaba-mostra-o-impacto-da-pecuaria-no-ambiente/
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

MASTITE BOVINA, PREVENIR É O MELHOR CAMINHO

A mastite bovina é a inflamação da glândula mamária e sua intensidade depende da interação com fatores relacionados ao animal e à presença de agentes patogênicos que desencadeia processo inflamatório. Os agentes causadores da mastite na sua maioria são as bactérias, podendo existir ainda fungos, leveduras, vírus e algas.
A mastite é o fator que mais provoca perdas econômicas na cadeia produtiva do leite e para tentar minimizar estas perdas é necessário um controle rigoroso da higiene da mama, boas práticas na ordenha e um eficiente programa de sanidade animal. A prevalência da mastite está relacionada, principalmente, ao manejo antes, durante e após a ordenha. Isso explica a importância da conscientização do ordenhador e dos produtores de leite, quanto aos procedimentos adequados de ordenha, incluindo as formas corretas de higienização e desinfecção do ambiente, do animal, do profissional e de todos os utensílios utilizados na ordenha.
Para tentar manter o rebanho longe da mastite o melhor caminho é a prevenção. Já que a ordenha é o momento mais importante da atividade leiteira, deve ser o primeiro lugar para se instituir um controle da mastite e assim possibilitar a melhoria da qualidade do leite.
Para isto devemos basear o controle da mastite em cuidados básicos de sanidade. Primeiramente a atenção deve estar voltada para o correto manejo de ordenha, que deve ser realizada por ordenhadores treinados em boas praticas de ordenha e com conhecimento mínimo em lactação e funcionamento e manutenção do equipamento bem como no procedimento de ordenha manual e mecânica.
Em seguida, instituir o teste da caneca de fundo escuro diariamente, pois este permite o diagnóstico da mastite clínica e diminui o índice de contaminação do leite.
Após a retirada dos primeiros jatos, efetua-se a lavagem dos tetos com água limpa e secagem em seguida realiza a imersão completa dos tetos numa solução desinfetante com uma concentração menor que na solução utilizada no pós-ordenha (pós-dipping), para redução da contaminação bacteriana (hipoclorito de sódio a 2% ou iodo a 0,3% ou, ainda, clorexidine a 0,3%). Estabelecer uma linha de ordenha, deixando as vacas que apresentaram mastite nos últimos meses por último e iniciando sempre com as vacas sadias e que não apresentaram mastite. E separar do rebanho vacas com mastite clínica.
Com estes cuidados básicos é possível controlar a mastite no rebanho ou pelo menos diminuir a incidência da doença.
Por Tânia Valeska Medeiros Dantas Simões - Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros - Aracaju/SE - E-mail: tania.dantas@embrapa.br
Fonte: Embrapa
Foto: http://blog.ourofino.com/ruminantes/2012/06/04/mastite-bovina/
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segunda-feira, 23 de julho de 2012

BRASIL, CELEIRO DO MUNDO

Brasil o futuro Celeiro do Mundo
Há tempo destacada, a participação do Brasil na produção mundial de alimentos deverá ser ainda maior nos próximos anos. O Brasil integra um pequeno grupo de países produtores agrícolas - do qual fazem parte Rússia, Ucrânia, China, Indonésia e Tailândia - que responderá pela maior parte da produção adicional necessária para alimentar a população mundial até 2050. Até lá, de acordo com projeções da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), para atender à demanda, a produção mundial terá de crescer 60%. Nos próximos anos, outros países em desenvolvimento deverão se integrar a esse grupo, mas será cada vez menor a contribuição dos países industrializados para prover o alimento adicional de que o mundo necessitará no futuro.
Para evitar a fome no mundo, na metade deste século, a produção anual de cereais deverá ser 1 bilhão de toneladas maior do que a registrada em 2007 e a de carne precisará aumentar 200 milhões de toneladas. O relatório das duas organizações internacionais, com as projeções para a produção agrícola entre 2012 e 2021 - e que estende algumas delas para 2050 -, leva em conta o crescimento da população mundial, do índice de urbanização e do nível médio de renda no período.
Um dado preocupante do estudo é a redução do ritmo do crescimento anual da produção agrícola mundial, que alcançou 2% nas últimas décadas, mas deverá cair para 1,7% nas próximas. Ainda assim, será um crescimento maior do que o previsto para a população mundial, razão pela qual a produção por habitante continuará crescendo ao ritmo de 0,7% ao ano, estimam a OCDE e a FAO.
Na próxima década, o Brasil deverá registrar o maior crescimento de produção agrícola em todo o planeta. Até 2019, segundo o estudo, a produção brasileira deverá crescer 40%, bem mais do que o aumento estimado para a produção da Rússia, da Ucrânia, da China e da Índia.
Embora com resultados inferiores aos do Brasil, outros países da América do Sul também aumentarão de maneira expressiva sua produção. Desse modo, como observou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, "a América do Sul está se convertendo em um grande celeiro" do mundo.
Estudo anterior da OCDE, divulgado no início do ano, mostrou com clareza a evolução da agricultura brasileira da segunda metade do século passado até hoje, destacando o expressivo aumento da produtividade, sobretudo a partir de 1970. Entre 1961 e 2007, enquanto a produtividade de países industrializados como França, Inglaterra e Estados Unidos aumentou menos do que a média mundial do período, de 1,48% ao ano, a do Brasil cresceu 3,6% ao ano, mais do que a média da América Latina, de 2,6%, e dos países em desenvolvimento, de 1,98%.
Na última década, os ganhos alcançados por alguns países, como Rússia e Ucrânia, foram maiores do que os do Brasil, mas esses países tinham um nível de produtividade muito baixo, daí seu crescimento mais rápido no período. Outros países conhecidos por sua forte presença no comércio mundial de produtos agrícolas, como Austrália, Canadá e México, além da Coreia do Sul, ao contrário, ficaram menos eficientes.
É reconhecido o papel fundamental de alguns fatores para o aumento veloz e contínuo da produtividade agrícola no Brasil. O avanço da pesquisa liderado pela Embrapa, com o desenvolvimento de variedades mais adequadas às condições brasileiras e o emprego de técnicas mais produtivas, é um deles. O aumento das exportações, que passou a exigir mais volume e mais qualidade, a preços competitivos, é outro. Os preços internacionais igualmente contribuíram para dar mais eficiência à agricultura do País. Por fim, a nova mentalidade do produtor rural permitiu a adoção de novos métodos de gestão e gerou um conhecimento mais acurado do mercado.
Melhor estaria o campo no Brasil, e poderia aumentar ainda mais rapidamente seus resultados, se dispusesse de infraestrutura e serviços logísticos que lhe garantissem custos competitivos para levar sua produção até o porto.
Extraído do site Pecuaria.com.br - http://www.pecuaria.com.br/info.php?ar=1&&ver=12748Editorial de O Estado de S. Paulo de 21/07/2012 - Foto: http://jornalcorreiodasemana.com.br/site/?p=25260
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MT PRETENDE FAZER FRENTE AO LEITE IMPORTADO

Maior parte da produção leiteira de MT não atende padrões de qualidade
Enquanto os problemas de gestão desestruturam a pecuária de leite nas propriedades de Mato Grosso, da porteira para fora os problemas com o setor se acentuam com o abastecimento da bebida produzida na Argentina e no Uruguai. De olho no mercado consumidor brasileiro os países vizinhos estão investindo na produção de leite. Para não perder espaço e aproveitar o potencial produtivo do estado, os produtores de Mato Grosso querem fomentar a cadeia leiteira com melhora na higiene, manuseio e alimentação dos animais.
De acordo com o 'Diagnóstico da Cadeia do Leite de Mato Grosso', feito pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a Argentina teve uma produção de 10,5 milhões de litros de leite em 2010, enquanto o Uruguai produziu 1,8 milhão de litros no mesmo ano. Já o Brasil produz 31,6 milhões de litros. Apesar da liderança, muito leite uruguaio e argentino tem sido despejado no mercado, prejudicando a produção brasileira, principalmente a de Mato Grosso.
"Nosso mercado é atrativo", conta o presidente da Cooperativa Lacbom, Ademar Furtado. A empresa, que tem cerca de 1,5 mil associados, pretende expandir a produção nos próximos anos. Segundo ele, em curto prazo a produção deve alcançar a capacidade da cooperativa que é de 240 mil litros de leite por dia. Atualmente os cooperados produzem 170 mil litros de leite por dia, sendo 130 mil destinados para a produção de leite longa vida, em caixinha. "O restante é transformado em queijos, requeijão, entre outros produtos".
Furtado explica que o Brasil não tem políticas públicas eficientes para valorizar a produção regional. "O que produzimos é todo destinado para o mercado interno. Temos condições de aumentar a produção, mas precisamos de incentivos". O aumento da produção, de acordo com o presidente da cooperativa, virá com o incremento da produtividade.
O produtor de São José dos Quatro Marcos, Luiz Carlos dos Santos, também planeja investimentos. Ele conta que a entrada do leite da Argentina e do Uruguai pressionou os preços. "O produtor brasileiro ganhou menos". Mas independente deste cenário, enfatiza que o pecuarista precisa se qualificar. "É preciso saber o quanto gastamos e o quanto ganhos para poder ter competitividade. A cadeia precisa de organização", declara.
Extraído do site: MT Agora - http://www.mtagora.com.br/noticia/4534/agronegocios/maior-parte-da-producao-leiteira-de-mt-nao-atende-padroes-de-qualidade.html - Foto: Assessoria/Famato
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terça-feira, 24 de abril de 2012

GENÉTICA ESTÁ LIGADA AO SUCESSO

Sucesso na pecuária está diretamente ligado à genética
O sucesso ou fracasso de um projeto pecuário voltado à produção de carne ou leite depende fundamentalmente de três pilares, que interagem entre si: genética, nutrição e sanidade. Obviamente que meio ambiente, mão de obra, equipamentos e gestão têm importante parcela de contribuição no processo, porém o manejo sanitário eficiente, a alimentação de qualidade e o padrão genético do gado são fatores indispensáveis.
Aos poucos, o Brasil está aprendendo a priorizar a saúde animal como se deve. As principais doenças estão controladas e a febre aftosa merece cada vez mais atenção dos pecuaristas. Ainda há perigos à espreita, mas é inequívoco o avanço na prevenção e no controle.
No campo da nutrição, a suplementação mineral ganha espaço. Os produtores estão mais atentos ao balanço nutricional das dietas, o que vem contribuindo para aumentar os níveis de produtividade do gado em todas as idades e nos diferentes períodos do ano.
Quanto à genética, há altos e baixos. Por um lado, há raças zebuínas, como nelore, brahman e gir, que apresentam índices de desempenho crescentes e até surpreendentes, ajudando a impulsionar a oferta de carne bovina. Em comum, nelore e gir estão no Brasil há várias décadas, o que possibilitou sua total ambientação às nossas condições e consequente expansão. O sangue nelore, por exemplo, está presente em 80% das cerca de 200 milhões de cabeças de gado do país. Já o brahman, apesar de recém-chegado, disse a que veio e já dá sua contribuição para o fortalecimento da atividade.
Há também as raças de origem europeia, como angus, simental e uma dezena de outras opções com potencial de expansão e características positiva. Mas essas duas fontes genéticas se destacam, cada uma a seu modo: o simental está bastante disseminado pelo Brasil e o angus é a raça preferida pelos criadores que fazem o chamado cruzamento industrial (associação de raças europeias e zebuínas ), potencializando a produtividade das crias em termos de ganho de peso, crescimento, fertilidade, precocidade sexual e oferta de carne de qualidade superior.
Talvez o grande desafio dessas raças, particularmente do angus, por conta do excepcional aumento do seu uso pelos pecuaristas no cruzamento industrial, está na fonte da genética utilizada.
O Brasil tem uma característica interessante, pois seu rebanho angus é formado por uma espécie de mistura bem balanceada entre gado europeu, da América do Norte e Argentina. Sem preconceitos, essa genética importada permanece importante para o contínuo melhoramento do gado nacional. Por outro lado, já há também opções locais de genética de alta qualidade, que devem merecer a atenção dos pecuaristas.
O fato é que a pecuária brasileira é um gigante e, como tal, precisa das mais diferentes contribuições 
genéticas. Há países que selecionam determinadas raças há bem mais tempo que nós e já atingiram patamares de produtividade indiscutíveis. Mas também há méritos internos e os pecuaristas nacionais têm o seu valor no processo de melhoramento do gado aqui, já adaptado às condições brasileiras. Os exemplos de sucesso estão aí com nelore, simental, gir, brahman, girolando e outros. E nunca se pode esquecer que a escolha equivocada da base genética provocará prejuízos por longo tempo.
Por Paulo de Castro Marques - Empresário, pecuarista, e proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado Angus, Brahman e Simental sul-africano. É presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA) - E-mail: casabranca@casabrancaagropastoril.com.br
Fonte: Página Rural
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

BOI NA SOMBRA

Ponha seu Boi na Sombra
Manter as pastagens arborizadas pode trazer grandes vantagens para a pecuária e também para o consumidor de carne e leite. Além de criar um ambiente confortável para os bovinos e outras espécies animais, a arborização colabora com a preservação do ambiente, com a diminuição do estresse entre os animais, e, consequentemente, com o aumento da produtividade nas propriedades rurais e a qualidade do produto final.
Além disso, as árvores são importantes neste ambiente, pois ciclam os nutrientes do solo, promovem a biodiversidade de flora e fauna, geram um ambiente de maior conforto para quem trabalha com o gado, além de agregar renda extra para a propriedade através da adoção do manejo agrosilvopastoril.
Focada na implantação deste conceito, a ABCZ – Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - vem trabalhando na estruturação de uma campanha com o slogan “Ponha seu Boi na Sombra”. A campanha, que deverá se intensificar a partir deste ano, usará os vários canais de comunicação da entidade para divulgar a ideia entre os produtores rurais. A proposta é aproveitar o crescente debate sobre a recuperação das pastagens no Brasil e incluir a arborização neste processo.
Estima-se que dos 173 milhões de hectares de pastagens existentes no Brasil, 70% apresente algum grau de degradação. Outro dado significativo é que a produtividade das pastagens brasileiras cai, em média, 30% entre o primeiro e o segundo ano após a formação da pastagem e após o quinto ano a produtividade cai em média 50%. Esta queda é quase totalmente devida à baixa na fertilidade do solo.
Muito mais do que aumentar a produtividade, garantir o bem-estar animal e diminuir a pressão pela abertura de novas áreas para pecuária e agricultura, o Brasil precisa investir na recuperação das pastagens como política pública para alcançar as metas de redução da emissão de Gases do Efeito Estufa, dentro do prazo estabelecido pelo Acordo de Copenhague. Neste cenário, a recuperação de pastagens é extremamente importante uma vez que estimula o sequestro de carbono, evitando assim, o aquecimento global.
A ABCZ acredita que por ser uma atividade perene, ou seja, com um ciclo de vida mais longo, a pecuária permite um manejo mais harmônico com o ambiente, dando as pastagens uma característica de grandes bosques. Existem inúmeras experiências com grande sucesso realizadas por pecuaristas tradicionais que a muito descobriram as vantagens da arborização dos pastos. Além de formarem verdadeiros bosques, estes produtores rurais seguem dando exemplo de que é possível fazer uma pecuária cada vez mais moderna, competitiva e, acima de tudo, sustentável.
Por João Gilberto Bento - Zootecnista e superintendente de Marketing e Comercial da Associação Brasileira e Criadores de Zebu (ABCZ) - Uberaba/MG - E-mail: marketing@abcz.org.br
Foto: http://blogs.ruralbr.com.br/agronegociomineiro/2011/11/10/ponha-seu-boi-na-sombra/
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