Diarreia: por que perdemos esta luta?
Diarreia! Um grande problema encontrado na maioria das propriedades nacionais e hoje perdemos esta luta pelo fato de não seguirmos corretamente um programa de manejo. Esta falta de planejamento e de estratégia quanto a prevenção e tratamento faz com que as diarreias continuam sendo o problema mais comum a afetar os bezerros nas fases iniciais da vida.
Esta doença impacta diretamente nos índices zootécnicos, onde deixa sua marca nos índices de mortalidade em até 5%, com destaque entre o nascimento e os três primeiros meses de idade no corte. No entanto, as taxas de mortalidade de bezerros em rebanhos leiteiros ainda são desconhecidas no território nacional, mas acredita-se que os dados sejam elevados.
A título de curiosidade, nas criações americanas estima-se que entre as causas de mortalidade na fase de aleitamento a diarreia seja a principal, respondendo por cerca de 60% das causas de mortes, seguida por doenças respiratórias.
O que chama a atenção para esta enfermidade entérica, não são apenas os dados de mortalidade, mas o grande impacto que possui ao diminuir a taxa de crescimento, reduzir a eficiência de utilização dos alimentos e, consequentemente, resultar em um bezerro fraco e desnutrido, que fica exposto a demais doenças.
Em busca de alto desempenho de sua propriedade, pecuaristas tendem a intensificar seus sistemas de produção, para obtenção da maior lucratividade, porém isto tem causado aumentos significativos na incidência desta doença.
As diarreias são doenças complexas e multifatoriais, que envolvem o animal, o ambiente, a nutrição e os agentes infecciosos. A ocorrência da enfermidade depende da relação entre a condição imunológica dos bezerros e a carga infectante ambiental a qual eles estão submetidos.
Vale lembrar que os bezerros com menos de 30 dias de vida ainda são altamente dependentes da imunidade passiva, recebida através da colostragem, e que uma alta porcentagem dos bezerros (aproximadamente 40%) apresenta falhas na transmissão desta.
Diarreia é um sinal clínico de diversas doenças. Na prática, não é fácil determinar com exatidão qual agente/causa principal que desencadeou o quadro entérico pois, na maioria das vezes, mais de um agente está envolvido no processo. Dentre os agentes infecciosos estão envolvidos estão as bactérias (Escherichia coli, Salmonella spp.), vírus (Rotavirus, Coronavirus), protozoários (Eimeria spp.), (Cryptosporidium spp.) e verminose. Porém, na maioria, há presença de dois ou mais patógenos.
Não podemos pensar apenas nos agentes infecciosos e esquecer os demais fatores envolvidos. Além da falha no recebimento da imunidade no momento da colostragem, as interrelações animal-ambiente assumem uma importância fundamental, sendo as seguintes condições como predisponentes:
Ambiente: instalações e utensílios em condições sanitárias precárias, alta densidade e falta de agrupamento de animais por faixas etárias, baixa qualidade da água, etc.
Nutrição: dietas que não atendem aos requisitos nutricionais, fornecimento de leite em quantidade e intervalo de tempo incorretos, sucedâneos do leite de baixa qualidade nutricional, alimentos mofados ou deteriorados.
Outras doenças: principalmente infecções respiratórias e umbilicais.
Quando se fala em agentes infecciosos, existe relação do tipo e período pós-nascimento, conforme tabela publicada na galeria de fotos (tabela 1).
Rotavírus é a causa mais comum de diarreia em bezerros recém-nascidos, entretanto, infecções por Coronavírus e por E. coli enterotoxigênica apresentam maiores taxas de mortalidade, tornando maior o seu impacto econômico.
Diarreia de origem nutricional também pode ocorrer. O bezerro jovem é extremamente limitado em termos de digestão de nutrientes durante as três primeiras semanas de vida e este fato está diretamente relacionado à ausência e inatividade de algumas enzimas digestivas.
A atividade da maior parte destas enzimas aumenta a partir da terceira semana de vida, permitindo a utilização de maior diversidade de ingredientes na formulação das dietas. Sucedâneos do leite contendo alta inclusão de proteínas de origem láctea asseguram os melhores desempenhos das bezerras até 30 dias de vida devido, principalmente, à maior digestibilidade, excelente perfil de aminoácidos e inexistência de fatores antinutricionais.
A ocorrência de diarreias em bezerros jovens é frequentemente súbita e aguda. Os animais tornam-se rapidamente desidratados, embora os sinais clínicos possam ser pouco perceptíveis. A avaliação da quantidade de água perdida é importante para determinação da estratégia de reidratação. Os animais com diarreia tornam-se rapidamente desidratados, com perdas potenciais de 6% a 12% do volume de seus fluidos corporais em apenas um dia.
Juntamente com a idade dos bezerros afetados, a observação dos efeitos sistêmicos e sua severidade pode ajudar no diagnóstico. Por exemplo, uma febre com temperatura superior a 40,5º-41ºC e alta taxa de mortalidade pode levar a suspeita de colibacilose, salmonelose ou coronavírus.
Em contrapartida, uma baixa mortalidade é bastante sugestiva para rotavírus. Nós podemos também notar que a ausência ou a presença de hipertermia nos animais afetados determina a escolha do tratamento que será feito, levando em conta a responsabilidade e prudência na utilização dos antibióticos.
A gravidade clínica da diarreia varia de acordo com o tipo de microrganismo envolvido, quantidade deste microrganismo e a capacidade de defesa do bezerro. A diarreia pode manifestar como quadro superagudo, na qual ocorre depressão, fraqueza grave, febre em alguns casos, choque hipovolêmico, com evolução em 24 horas para coma e morte.
Contudo, na maioria dos casos, há intensa diarreia fétida, de fezes com consistência aquosa ou pastosa, de coloração amarelada ou esbranquiçada, presença de muco e/ou estrias de sangue e os animais apresentam cauda e períneo sujo, com placas de fezes aderidas ao pelame, deprimidos, magros e apáticos.
Estes quadros intestinais ocasionam forte perda hídrica, ou seja, juntamente com as fezes há uma intensa perda de fluidos, eletrólitos e nutrientes e isto faz com que o bezerro desenvolva sintomas de emagrecimento progressivo, desidratação, podendo evoluir para coma e morte do animal se o mesmo não for tratado a tempo.
Segundo a Embrapa, a diarreia pode se apresentar de três formas: septicêmica, onde os animais aparecem mortos sem quadros clínicos prévios; enterotoxêmica, com intensa depressão e rápida evolução do quadro clínico, e na forma entérica, conhecida popularmente por “curso branco”, com presença de diarreia aquosa e fétida, com leite coagulado (indícios de deficiência na sua digestão e absorção), desidratação e quando não morre, o animal permanece por alguns dias ainda doente.
A chave para o sucesso no tratamento das diarreias é a rápida detecção do problema e intervenção imediata, com administração de uma solução bem balanceada para reidratação oral contendo eletrólitos e nutrientes. Se a reidratação for feita logo no início a, a taxa de sucesso do tratamento pode chegar a 95% ou mais.
Por muitos anos, recomendou-se a suspensão do fornecimento de leite ou sucedâneo aos primeiros sinais de diarreia. Felizmente, esta prática está sendo abolida, pois priva os animais de sua principal fonte de nutrientes e água.
A recuperação dos bezerros é acelerada quando a dieta líquida está associada à hidratação oral, pois ocorre uma diminuição na perda de peso dos animais. A tabela (na galeria de fotos) mostra um exemplo de solução para hidratação oral que tem apresentado excelentes resultados a campo.
Esta fórmula pode ser utilizada em todos os tipos de diarreia. A hidratação oral pode ser feita com sucesso em animais que apresentem até 8% de desidratação. Acima disso, deve-se avaliar o potencial de retorno econômico do animal antes de instituir tratamentos onerosos. Nestes casos, o déficit deve ser corrigido por via intravenosa, continuando posteriormente com a hidratação oral.
O uso de soluções fortificantes, constituídas por vitaminas, nutrientes e minerais (Fortemil®), além de restabelecer a hidratação, nutre o animal. A quantidade total deverá ser fornecida aos bezerros num período de 24h. A solução não deve ser administrada junto com a dieta líquida, respeitando-se um intervalo de 2h, para não haver interferências na digestão. Bezerros com menos de 30 dias de vida não digerem sacarose (açúcar comum), portanto, não se deve utilizá-la em substituição à glicose.
No entanto, como existem diversos fatores que ocasionam a doença, o uso de antibióticos é indispensável no protocolo de tratamento. Quando a diarreia é branca ou amarela, indicam-se uso de produtos que além de “trancar” o intestino, trazem em sua associação antibiótico bacteriostático, ou seja, aqueles que controlam a população bacteriana (Cortacurso®).
Porém, nos casos mais graves, onde há presença de sangue visto em diarreias pretas, o produto deverá ser bactericida, os que matam todos os tipos de bactérias, garantindo maior resolução do quadro entérico (Trissulfin®).
Prevenção é a palavra certa para não se perder lucratividade na sua propriedade. Fornecer colostro de alta qualidade e em quantidades adequadas o mais rápido possível após o nascimento dos bezerros; reduzir o estresse dos animais; proporcionar instalações limpas, secas, bem dimensionadas e higienizadas com acesso fácil à água de boa qualidade física e microbiológica; fornecer dietas balanceadas para suprir os requisitos nutricionais, assegurando que os bezerros estejam saudáveis e mais resistentes às doenças.
Embora a diarreia neonatal em bezerros seja bastante fácil de identificar, um diagnóstico etiológico preciso é de difícil realização, por isso consulte sempre um médico veterinário.
Fonte: Thales Vechiato e Luiz Gustavo Paranhos são supervisores técnicos na Ourofino - Site: http://www.portaldbo.com.br/Portal/Conteudo/Artigos+Tecnicos/5526,,Diarreia+por+que+perdemos+esta+luta.aspxFoto: http://boiapasto.com.br/2012/05/msd-saude-animal-apresenta-nova-tecnologia-contra-diarreia-em-bezerros/
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