Papilomatose: o que fazer?
Esta doença acomete todas as categorias do rebanho, mas principalmente animais jovens
Quem nunca teve no rebanho leiteiro aquele animal sofrido, com um monte de papilomas (ou verrugas) na barbela, nos tetos, no dorso? E, quando foi tentar curar o animal, se deparou com inúmeras soluções, nem todas 100% eficazes? Esta doença acomete todas as categorias do rebanho, mas principalmente animais jovens. Ainda, infelizmente, não se tem muitos recursos atualmente para resolver o problema, embora, num futuro próximo, haja excelentes perspectivas.
A papilomatose bovina é a manifestação clínica mais comum da infecção do gado por um vírus denominado papilomavírus bovino (BPV). Atualmente, há 13 tipos desses vírus conhecidos em todo o mundo e, por enquanto, não existem vacinas preventivas ou remédios desenvolvidos especificamente para nenhum deles. Nós, aqui no Instituto Butantan, estudamos há 30 anos a questão e vimos reunindo informações valiosas para o produtor, para o médico veterinário e para outros pesquisadores.
O vírus, qualquer que seja o tipo, é transmitido por diversas formas: a mais comum é o contato do animal que tenha alguma lesão externa (feridas, arranhões, etc.) com superfícies ou instrumentos que já tiveram contato com animais contaminados, como máquinas de ordenha, mourões, seringas e cochos. Já há, também, comprovação da transmissão do vírus através de dejetos, sangue, leite, colostro e sêmen. Assim, ao contrário do que se pensa normalmente em relação à papilomatose, há, sim, a possibilidade de contágio horizontal (da vaca para o bezerro, via leite materno e colostro) e também vertical (do sêmen para o bezerro que dele se origina). Torna-se, então, evidente a importância da prevenção do contágio, sendo este o primeiro passo para isolar a doença no rebanho.
Deve-se manejar cuidadosamente os animais portadores do vírus, orientando os trabalhadores em relação à higienização de equipamentos após a ordenha de animais contaminados – retirando seu leite, inclusive, depois que o leite dos animais saudáveis tiver sido retirado. Além disso, deve-se ter o controle do trânsito dos animais, evitando o contágio por contato entre eles (em aglomerações nas vias de acesso à ordenha, por exemplo). Deve-se, também, prestar bastante atenção em relação à aquisição de novos animais, principalmente matrizes e reprodutores (verifique, por exemplo, se no rebanho original há animais com papilomatose ou se os bovinos a serem adquiridos possuem cicatrizes de retirada de verrugas).
Com a inseminação artificial sendo prática cada vez mais utilizada em rebanhos leiteiros, é importante também checar a procedência do sêmen a ser utilizado e exigir atestados que comprovem que o material não esteja contaminado com o vírus da papilomatose. E, no momento da inseminação, separar animais doentes de animais saudáveis, desinfetando, também, equipamentos e mãos durante a técnica. Tais cuidados têm se mostrado muito eficientes na redução da doença.
Torna-se também muito importante que todos os que trabalham em contato direto com os animais – e sabemos que, quando falamos de gado leiteiro, este contato é diário – tenham atenção constante. Trata-se de procedimentos importantes não apenas com relação ao controle da papilomatose bovina, mas também no que diz respeito a outras doenças oportunistas, decorrentes da papilomatose. Assim, toda lesão provocada por papilomas deve ser desinfetada – para evitar bicheiras, por exemplo – e inclusive as mãos do tratador, para evitar o contágio para outros animais do plantel.
Temos desenvolvido estudos, aqui no Instituto Butantan, com elevado nível científico e verificado que várias medidas, como autovacinas, feitas com macerados de verrugas para injetar nos animais; brincos; colares; retirada manual de verrugas e outros procedimentos comuns e divulgados entre produtores, não só não resolvem o problema, como o agravam a curto, médio e longo prazos. Estamos, por isso, trabalhando no desenvolvimento de vacinas tanto para prevenir a infecção (a vacina profilática), como para curar a doença quando ela já se instalou (vacina terapêutica).
Tais estudos já se encontram em fase de teste de campo, especificamente a vacina profilática, tendo sido aplicada em bezerros com resultados bastante positivos. Isto é, os animais não desenvolvem a doença. Para caminhar mais rapidamente, porém, dependem de financiamento externo. Devemos ressaltar, entretanto, que os cuidados de manejo não podem ser esquecidos e são de grande valia para o bom resultado do controle da doença, mesmo com o uso futuro de vacinas.
Fonte: Portal DBO - http://www.portaldbo.com.br/Portal_v2/Conteudo/artigos-tecnicos/12167_Papilomatose-o-que-fazer - Por Rita de Cássia Stocco - Pesquisadora do Laboratório de Genética do Instituto Butantan, da USP.
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