quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

PROCESSAMENTO DE GRÃOS

Processamento de grãos na colheita e silagem
Para aproveitar melhor o amido presente na silagem de milho, os grãos precisam ser quebrados em pequenas partículas
Para um melhor aproveitamento do amido presente na silagem de milho, os grãos de milho necessitam ser quebrados em pequenas partículas. No passado acreditava-se que uso eficiente do amido ocorria quando os grãos estavam parcialmente quebrados.
Contudo, atualmente sabe-se que o pericarpo, a camada fibrosa que recobre o grão, dificulta o acesso dos microrganismos ruminais ao amido e quanto melhor processado o grão maior será a exposição do amido e consequentemente sua digestibilidade. Portanto conhecer o grau de processamento ou seja, o quanto a ensilagem foi capaz de expor o amido torna-se importante para otimizar o desempenho animal.
Como avaliar o processamento de grãos durante a colheita?
O momento mais adequado para avaliar o processamento de grãos é durante a colheita, onde ajustes são passíveis de ser realizados em tempo. No entanto, pode ser difícil avaliar a fração do grão quando a mesma está misturada com a fração fibrosa da planta (folhas, sabugo e colmo). A técnica de separação por água foi desenvolvida para ser aplicada de forma fácil no campo para separar a fração de grãos da fibra (Savoie et al., 2004). Esta técnica leva em consideração a diferença da flutuabilidade entre os grãos e a fração fibrosa. Quando se coloca a amostra em uma bacia com água, a fração fibrosa flutua e os grãos afundam. O método é muito simples, requer apenas uma bacia com água e é de fácil aplicação no campo. Os passos do procedimento são descritos abaixo:
Passo 2
Passo 1: É necessário um recipiente (bacia ou balde) para que se coloque a água. A recomendação é encher até ¾ do volume do recipiente.
Passo 2: Coletar duas ou três mãos-cheias do material que foi colido e coloca-lo sobre a água.
Passo 3
Passo 3: Agite o material cuidadosamente para ajudar a separar o grãos da fração fibrosa. Um minuto de agitação já é suficiente. Cuidadosamente agite o material para ajudar os grãos afundarem até o fundo da bacia.
Passo 4
Passo 4: Remova a fração fibrosa flutuante do recipiente. Isso pode ser realizado com as mãos ou com uso de uma peneira.
Passo 5
Passo 5: A água estará um pouco turva e os grãos serão difíceis de serem visualizados, mas eles estarão no fundo do recipiente. Logo, para ver os grãos drene cuidadosamente a água do recipiente. Embora não seja necessário, a água pode ser drenada através de uma peneira para capturar um pequena fração de grãos que flutuaram.
Passo 6
Passo 6: Os grãos podem ser espalhados sobre um pano ou papel toalha e água remanescente será removida dos grãos. Após isso, os grãos podem então ser distribuídos para inspeção e avaliação do grau de processamento.
O método funciona bem durante a colheita e pode até mesmo ser usado para avaliar a silagem, contudo a avaliação pós-armazenamento tem menos valor, pois as opções para corrigir deficiências de processamento são limitadas. Caso o teor de matéria seca da planta de milho no momento da colheita ou da silagem de milho seja baixo ( < 30 % ) a separação em água é dificultada. Para melhorar a separação, segue abaixo algumas recomendações:
Quando a cultura está com baixo teor de matéria seca, folhas verdes escuras irão afundar juntamente com os grãos. Estas folhas podem ser separadas manualmente após o Passo 5. Outra alternativa é secar parcialmente a amostra antes da separação.
Isto pode ser feito de várias maneiras. 1) Secar por dois minutos em um forno micro-ondas. 2) O material pode ser espalhado sobre uma lona de plástico preto e colocadas sob o sol por um hora ou mais para secá-lo suficientemente para ajudar a separar folhas verdes.
O material ensilado, especialmente se ensilado com alta umidade, não irá separar bem. Uma secagem completa da amostra numa estufa irá promover uma melhor separação.
Se, após a drenagem da água presente no recipiente (Passo 5 acima) houver muita palha misturada aos grãos, adicione um pouco de água novamente para ao recipiente, agite o conteúdo e rapidamente drene a água. Esta segunda separação ajuda a remover o restante da fração fibrosa.
O método de separação em água é mais indicado para o momento da colheita, pois possíveis ajustes podem ser realizados. Sua aplicação na silagem já confeccionada é limitada, pois já não existe a possibilidade manipulação no processo. Além disso, silagens e principalmente mais úmidas são difíceis de serem separadas em água. Como descrito acima necessitam de secagem prévia e em alguns casos a repetição do procedimento.
Fonte: Portal DBO - http://www.portaldbo.com.br/Portal/Artigos/Processamento-de-graos-na-colheita-e-silagem/15133 - Por: Gustavo Salvati, zootecnista e doutorando da Esalq-USP
Publicação: Boletim da Forragem Pecege e QCF/ Esalq
Imagens: Portal DBO e Alexandre M. Pedroso
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

SILAGEM CARAMELIZADA

Silagem caramelizada: Qual o significado?
Processo ocorre devido à elevação da temperatura do volumoso.
Apesar do nome “Silagem caramelizada” ser sugestivo e nos remeter ao pensamento de um doce saboroso, quando o termo caramelizado se refere à conservação de forragens, a conotação de “saboroso” se reverte para prejuízo.
O processo de caramelização ocorre devido à elevação da temperatura da silagem e a partir desta ocorrência o açúcar presente na forragem se carameliza (“derrete como se colocássemos açúcar cristal na panela e levássemos ao fogo”). Como resultado final, geralmente é observado coloração enegrecida da silagem e no caso da silagem de milho pode-se verificar que os grãos presentes tornam-se de coloração marrom.
Este processo é muito descrito na literatura e muito encontrado nas propriedades brasileiras e do exterior. O nome para esta reação de caramelização é reação de Maillard, sendo que a mesma não só altera a coloração da silagem, mas causa grandes transformações no valor nutritivo da silagem, o qual pode afetar significativamente o desempenho animal.
A reação de Maillard é definida pela ocorrência de polimerização química não enzimática de acúcares solúveis e hemicelulose com aminoácidos da planta que foi ensilada, quando a temperatura da silagem se eleva acima dos 40 oC de temperatura. Estes polímeros depois de formados tornam-se indisponível para o animal, sendo que a detecção do problema pode ser visualizada pelo aumento dos teores de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA).
Os principais fatores responsáveis pela geração de tal reação são: teor de matéria seca da planta elevado, baixa eficiência no enchimento e compactação do silo e baixa qualidade da vedação. Todos esses fatores se relacionam diretamente com um único denominador, que é o oxigênio, e as explicações para tal fato são apresentadas abaixo:
• Elevado teor de matéria seca: Teor de matéria seca elevado confere silos com densidades inferiores e, dessa forma, é maior a porosidade na silagem. Silos que apresentam maior quantidade de poros (menor densidade) são prejudicados, pois o processo de respiração da planta e de microrganismos tem maior duração, gerando maior aquecimento da massa;
• Baixa eficiência no enchimento e compactação: Caso o silo tenha baixa eficiência no seu enchimento, como por exemplo, a demora no enchimento (muitos dias abertos), a presença do oxigênio irá gerar calor novamente, pelo mesmo efeito comentado anteriormente. Já com relação a compactação do silo o problema novamente se esbarra na questão da menor densidade de silagem no silo;
• Baixa qualidade da vedação: A vedação deve ser encarada como continuidade do processo de conservação, e não como muitos encaram como sendo a parte final do processo. A lona que veda o silo está susceptível a várias intempéries que podem prejudicar o sucesso do processo de fermentação, e são elas: aves, animais, rasgos e a própria lona, que dependendo de sua qualidade permite entrada considerável de oxigênio e, novamente a história se repete, entrada de oxigênio no sistema, dá inicio ao processo de respiração microbiano, que também podemos chamar de deterioração aeróbia da silagem.
A reação de Maillard pode estar afetando a qualidade da sua silagem, vale lembrar que uma simples análise de proteína bruta não irá demonstrar diferenças em valor nutritivo, pois esta análise faz uma leitura de todo o nitrogênio presente na silagem. Caso a silagem apresente sinais de caramelização, uma análise de NIDA deve ser requerida e juntamente ao nutricionista da propriedade checar se a produção de leite está apresentando alterações.
Fonte: Portal DBO - http://www.portaldbo.com.br/Portal/Artigos/Silagem-caramelizada-Qual-o-significado/15091 - Por: Rafael Camargo do Amaral - Zootecnista e Doutor em Ciência Animal pela Esalq/USP.
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PASTAGENS TROPICAIS: SOLO E ÁGUA

Conservando solo e água em pastagens tropicais.
Somente o manejo correto pode contribuir para minimizar o impacto das chuvas.
Apesar do destaque atual, a conservação do solo e da água são temas bastante antigos com relatos históricos, inclusive bíblicos. No Brasil, o assunto também já esteve em pauta há tempos. Um desses registros data da década de 30, especificamente o ano de 1938. Na ocasião, o engenheiro agrônomo Dr. Fernando Penteado Cardoso, escrevera para o Suplemento Agrícola do jornal O Estado de São Paulo o texto denominado "Alerta contra a erosão", onde procurou mostrar a importância do terraceamento em áreas agrícolas e os desastrosos efeitos da erosão nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo.
Mais recentemente, pesquisadores da Embrapa Trigo e colaboradores, realizaram um estudo mostrando que os níveis de nutrientes nos solos de várzea, próximas a áreas de lavouras, eram muito superiores aos encontrados nas lavouras sem terraceamento. Ao passo que, os níveis destes mesmos nutrientes na lavoura e na várzea, em áreas de cultivo terraceadas, encontravam-se bem semelhantes. Ou seja, por meio deste estudo foi demonstrado que somente a cobertura morta da palhada, em áreas de Plantio Direto, em muitas ocasiões não é suficiente para minimizar os efeitos adversos da erosão.
Em condições tropicais, como é o caso da maior parte do Brasil, a erosão hídrica assume papel de destaque, sendo esta a principal causa de erosão do solo. Este tipo de erosão possui três fases distintas: a desagregação das partículas de solo, o transporte e a deposição destes sedimentos nos cursos d'água.
As pastagens são um dos principais tipos de vegetação que possuem capacidade de manter a cobertura do solo de maneira efetiva e uniforme. Esta afirmação torna-se bastante interessante do ponto de vista de sustentabilidade ambiental, visto que o Brasil possui mais de 100 milhões de hectares ocupados com pastagens. No entanto, observam-se em grande parte dos casos, áreas com pastagens em algum estágio de degradação, tanto do pasto quanto do solo. Por quê?
A resposta para esta questão envolve diversas áreas das ciências agrárias, mas os principais motivos são: espécie forrageira inadequada ao local; má formação inicial (por diversos motivos); manejo e práticas culturais inadequadas; ocorrência de pragas e doenças; manejo animal impróprio (especialmente excesso de lotação e sistemas inadequados de pastejo) e ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do solo, em função do tipo de solo da propriedade ou da gleba.
Em áreas de pastagens com lotação excessiva, com pouca massa de forragem e solo descoberto, a forrageira perde uma de suas principais funções no que diz respeito à conservação do solo, que é a de minimizar o impacto da gota de chuva diretamente no solo, evitando a desagregação das partículas. Esta é a primeira, e talvez a mais importante, etapa para instalação do processo erosivo no solo em áreas de pastagens tropicais.
Uma das alternativas para minimizar o problema seria o uso de uma ferramenta lançada recentemente pela Embrapa Gado de Corte: a régua de manejo de pastagens. Essa tecnologia tem por objetivo principal determinar a altura de entrada e saída dos animais do piquete, em função da disponibilidade forrageira. No entanto, caso as alturas preconizadas sejam observadas pelos pecuaristas, especialmente a altura de saída dos animais, esta ferramenta será de grande utilidade também para a conservação do solo e da água. Manejando a pastagem corretamente, evitando o manejo popularmente conhecido como "rapadão", a maior massa de forragem certamente irá contribuir para minimizar o impacto da chuva diretamente no solo e facilitar a infiltração de água no perfil.
Outra prática bastante utilizada e que tem sido subestimada ultimamente é a construção de terraços. O terraceamento em propriedades rurais tem basicamente duas funções: diminuir o comprimento dos lançantes e promover a infiltração de água no solo. Um dos grandes erros cometidos em conservação do solo e da água é o de achar que somente o uso de terraços é suficiente para resolver o problema de erosão na propriedade rural. Para o efetivo controle da erosão do solo em pastagens tropicais, o uso do sistema de terraceamento deve, obrigatoriamente, ser associado a outras práticas de conservação, sendo as principais o manejo do pastejo e o controle da taxa de lotação animal.
O dimensionamento e alocação dos terraços são baseados em vários parâmetros como o tipo de solo, relevo, declividade, cultura a ser implantada, potencial erosivo da chuva na região, etc. Todos os métodos de dimensionamento do sistema de terraceamento na propriedade rural levam em conta, além das características mencionadas, também o potencial de infiltração de água no solo entre um terraço e outro. Propriedades rurais com excesso de lotação animal (taxa de lotação superior à capacidade suporte) e manejo inadequado do pastejo (pouca disponibilidade de massa forrageira e solo descoberto), certamente irão sobrecarregar o sistema de terraços, tornando esta técnica com maior probabilidade de insucesso.
Os cuidados e as observações descritos acima, para propriedades que têm a pecuária como atividade principal, são também válidos para produtores que fazem uso de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Ressalta-se que o dimensionamento/alocação dos terraços quando em sistemas integrados de produção deve ser realizado com base no componente lavoura, reconhecidamente de maior potencial erosivo. Quando da presença do componente arbóreo em sistemas de produção integrados, este pode, dependendo da disposição dos renques de árvores, contribuir também para minimizar os efeitos da erosão eólica, comum em algumas regiões do Brasil.
É importante frisar que a conservação do solo e da água seja vista de forma sistêmica, abrangendo toda bacia ou sub-bacia. Para se obter sucesso nesta difícil empreitada faz-se necessário o uso integrado de um conjunto de práticas que reduzam o impacto da gota de chuva no solo, diminuam o escorrimento superficial e aumentem a infiltração de água no solo, contribuindo, desta forma, para a recarga de aquíferos e minimizando o assoreamento em córregos, rios e lagos.
A sociedade não agrícola deve estar ciente que, o produtor rural que trabalha de maneira correta a adubação e o manejo das pastagens, bem como utiliza práticas de conservação do solo e da água, certamente estará contribuindo para que as águas das chuvas infiltrem com maior facilidade no perfil do solo, abastecendo o lençol freático, produzindo com sustentabilidade e minimizando, de certa forma, os custos com tratamento de água.
Fonte: Portal DBO - http://www.portaldbo.com.br/Portal/Artigos/Conservando-solo-e-agua-em-pastagens-tropicais/15041 - Por Alexandre Romeiro de Araújo - Zootecnista e pesquisador de Solos e Nutrição de Plantas da Embrapa Gado de Corte.
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