quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O PODER DO CROMO NA PECUÁRIA

O fantástico poder do cromo
Doses adequadas deste elemento reduziram o estresse nos animais, especialmente bovinos
Diz a letra do Zeca Pagodinho: “Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar!” Assim me senti quando era estudante de veterinária em relação ao elemento químico cromo (Cr). Mal ouvi falar duas vezes esta palavra durante o curso. Uma, citando que o cromo era utilizado no curtimento dos couros. A outra, afirmando que sua alta ingestão poderia ser tóxica aos animais.
O tempo passou, e, recentemente, surgiram indícios práticos de que o cromo tem um importante papel no organismo, para a execução de algumas funções, a ponto de hoje já existirem cientistas que o considerem essencial à vida. As quantidades exigidas de cromo na dieta para essas tarefas, porém, são extremamente pequenas.
Insulina e glicose – Tudo começou com experimentos em ratinhos. Neles, pesquisadores constataram que o cromo fazia parte de uma molécula capaz de aumentar a ação da insulina, hormônio que estimula a entrada de glicose do sangue para as células.
A glicose é uma das principais fontes de energia para o organismo. Chamaram essa molécula de fator de tolerância à glicose, que também foi encontrada no homem e nos outros animais domésticos. Assim, o cromo pode ser utilizado no tratamento auxiliar de um certo tipo de diabetes.
Além disso, verificaram que este elemento químico pode estimular a formação de proteína, aumentando a musculatura, produzir o colesterol bom, baixar triglicérides, e favorecer, em certas situações, a produção de anticorpos, que atuam contra agentes infecciosos.
Mas a mais interessante das descobertas, na minha opinião, foi que doses adequadas de cromo reduziram o efeito do estresse em animais, em especial nos bovinos.
O estresse causa uma reação orgânica negativa que gera a liberação de substâncias como o cortisol e as adrenalinas. A primeira delas estimula a produção de glicose, a perda de proteínas, a queda na produção de anticorpos e células de defesa, o que aumenta o risco de os animais contraírem certas doenças infecciosas.
No manejo rotineiro da pecuária a desmama é uma das principais causas de estresse. Estudos com seres humanos e ratinhos provaram que o danado do estresse, pela ação do cortisol, provoca um tremendo aumento (superior a dez vezes) na eliminação de cromo pela urina, o que gera uma grande diminuição nos seus estoques no organismo, levando a um círculo vicioso, que se desencadeia na deficiência do mineral.
Acabei de testar, num trabalho de mestrado, o efeito do cromo no alívio do estresse da desmama. Numa fazenda do Pará, foram desmamados 150 bezerros Nelore puros ou meio-sangue com Angus ou Guzerá. Sessenta dias antes da desmama, as duplas vaca-bezerro foram sorteadas em dois lotes separados.
Todos os bezerros tiveram acesso ao sal proteinado (63% milho farelado; 37% farelo de soja e 30% suplemento mineral) em cocho creep-feeding, para um consumo diário de cerca de 200 gramas da mistura.
O mesmo sal foi também oferecido no decorrer de 60 dias após a desmama. Tudo era igual, só que num dos lotes foram acrescidos 30 miligramas de cromo orgânico na forma de carboaminofosfoquelato por quilo de suplemento, produzido por tradicional empresa do ramo.
Cada animal ingeria 1,7 miligrama de cromo por dia. No segundo dia da desmama, no pico do estresse, foi realizado um teste para avaliar o comportamento da bezerrada, classificando-se os indivíduos como mansos ou bravos.
Os resultados foram muito animadores. O ganho de peso no decorrer dos 120 dias foi, em média, de 6,5 quilos a favor do grupo que recebeu cromo. No teste do estresse constatou-se que nos “cromados” apenas 6% estavam “nervosinhos”, ante 32% no outro lote. Em média, o cortisol no sangue era 20% maior no último grupo.
O mais sensacional foi a verificação, inédita em bovinos, que a suplementação com cromo reduziu sua eliminação pela urina da bicharada estressada. Comparando com o 60º dia pré-desmama, quando os bezerros viviam um “mar de rosas”, no pico do estresse a perda de cromo foi 6,3 vezes superior no lote controle, ante 4,1 vezes no grupo “cromado”.
No solo e no capim – O cromo não é tão raro na natureza. Os solos contêm muito mais cromo do que os capins. Os bovinos normais podem suprir suas necessidades do mineral tanto pelos capins como pelo solo ingerido. Porém, em situações de estresse a quantidade oferecida pela natureza é bem menor do que a necessária, devendo ser suplementada pela dieta.
Nessas ocasiões (desmama, transporte prolongado, entrada no confinamento, castrações, etc.) deve-se oferecer doses extras de cromo orgânico com antecedência mínima de 30 dias para aliviar o estresse.
O grau de absorção intestinal do cromo vai depender de sua forma química.
O cromo puro inorgânico, muito presente no solo, é pouco absorvido, já o dos capins é um pouco mais acessível. Na fórmula utilizada no curtimento de couros, porém, o cromo é altamente captado e pode ser tóxico. Depois de muitos estudos, constataram que o cromo orgânico é mais eficiente e seguro do que os citados acima. Chama-se orgânico porque o cromo fica ligado com pequenas proteínas ou aminoácidos, que funcionam como um carteiro que entrega “em mãos” o cromo nas células que o vão processar.
Creio que boas novidades ainda surgirão dos estudos com cromo em bovinos. Os rebanhos e os pecuaristas vão agradecer.
Fonte: Portal DBO - http://www.portaldbo.com.br/Portal_v2/Conteudo/artigos-tecnicos/10808_O-fantastico-poder-do-cromo - Por Enrico Ortolani - Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP e pesquisador do CNPq
Imagem: grupoescolar.com
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